fevereiro 21, 2008

Casos do Acaso?

-Amor, onde você está? Onde passou a noite? Por que não veio para casa? -a infinidade de perguntas se seguia junto a voz angustiada do outro lado.
-Estou bem querida. -respondeu ele calmo, pensando em uma desculpa esfarrapada. -Minha mãe me arrastou para a casa dela, disse que estava com saudades e nem me deu tempo de te avisar. -Bingo! Desculpa perfeita, considerando a personalidade da genitora.
-Ah, tudo bem então. -disse ela em tom compreensivo e mais calmo. -A que horas você volta?
-Já estou indo.
-Tudo bem. Te espero, um beijo. Amo-te.
-Outro, amo-te também, não se preocupe. Tchau.
Desligou o telefone, levantou-se e analisou em volta. A casa não era muito grande e passava uma incrível sensação de aconchego. Paredes claras, cortinas de cetim. Ele reparou em uma janela aberta e andou até ela. Deparou com um bilhete: "Quando sair, fecha pra mim, por favor? Obrigada!" Ele sorriu, passou os olhos mais uma vez ali e foi em direção ao banheiro tomar uma chuveirada. Após isso arrumou a cama meticulosamente e seguiu para a cozinha, onde encontrou mais um bilhete. "Café da manhã, não na cama porque você estava dormindo, não quis te acordar. Tenha um bom dia!" Mais uma vez não pôde deixar de sorrir. Como aquela jovem podia ser tão menina e tão mulher ao mesmo tempo? Embora a noite tenha sido maravilhosa, eram desconhecidos um ao outro. Isso devia-lhe causar medo. Mas por que não causava?

***
A jovem caminhava descontraída pelas ruas. Cumpriu todas as suas obrigações no escritório e poderia aproveitar de algumas horas de folga. Parou em frente a uma livraria, interessada. Entrou. Andou por alguns corredores, analisando prateleiras. Parou em uma, interessada pelo título de um livro. Puxou-o, mas ele não veio. Estranhou. Puxou mais uma vez e ele não veio, foi então que percebeu que alguém do outro lado também puxara o livro. Cedeu. Pôde ver os olhos da pessoa. Ficou gelada, pois os reconheceu. Ele também. Sorriu.
-Oi! -disse sem emitir qualquer som, apenas mexendo os lábios.
-O-oi... -respondeu ela no mesmo tom, atônita.
-Querido pode vir aqui um instante? -pediu uma voz feminina, fazendo ambos despertarem do transe. Ele a olhou pela última vez e seguiu para onde a esposa o chamara. A jovem, recobrando seus sentidos aos poucos, logo saiu de lá, sem ao menos olhar para trás.

***

Caminhavam de mãos dadas pela praia, deserta. Era de se esperar afinal estava frio, a brisa gelada brincando de fazer levitar a areia. A todo custo ela tentava ajeitar os cabelos, desarrumados pelo vento. Ele se divertiu com a situação, rindo. Ela o encarou:
-Tá, não vai adiantar não é mesmo? -ele balançou a cabeça negativamente, mas em seguida levou as mãos ao belo rosto da jovem.
-Você está linda. Não se preocupe. -ela sorriu e o beijou de maneira breve, continuando a caminhada em seguida. Depois de um tempo, sentaram-se na areia, observando o mar, o vento cessara razoavelmente. A vasta imensidão das águas e o mistério que transmitiam faziam-a lembrar de alguém. Lembrar dele. Baixou a cabeça por um instante. Não, não podia mais, não agora. As coisas finalmente estavam se encaminhando.
-Amor, vamos? -convidou ele, levantando-se e estendendo a mão para ela, que olhou para ele e respondeu com decisão.
-Quero ficar mais um pouco. Se importa? -ele balançou os ombros, baixou, beijou-a e disse:
-Amo você. -ela sorriu.
-Amo você também. -respondeu. Então ele levantou e caminhou para casa, sob o olhar cuidadoso da namorada. A jovem voltou a olhar para o mar com um pequeno sorriso brincando em seu rosto. Pensava em como sua vida mudara daquele tempo para cá. Não vivia mais de loucuras, tornou-se estável.
O sopro do vento invadia seus ouvidos e ela esvaziou sua mente de qualquer pensamento, como se quisesse se isolar em uma outra esfera. Um rapaz vinha caminhando solitário ao longe, porém ela não notou. Enquanto ele se aproximava tão distraído quanto ela, o sol ia surgindo tímido no céu. Ele andou, andou e finalmente reconheceu aquele rosto. Não pôde acreditar. Sentou-se ao lado dela:
-Você? -ela, despertando, virou-se para ele, no instante seguinte uma expressão surpresa surgia em sua face. Ficou em silêncio. Ambos se olharam por longos minutos, sem dizer nada.
-Isso é loucura. -sussurrou ela.
-Talvez seja destino. -retorquiu ele, sem desviar o olhar.
-Nós não podemos ficar juntos.
-Eu sei.
-Por que insiste?
-A culpa não é minha.
-Eu sei. Desculpa... -ele analisou as mãos da garota e sentiu seu coração parar por um instante.
-Você... -apontou para a aliança.
-Sim. -ela respondeu simplesmente. Ele pareceu estupefato. Voltou o olhar para frente, sem saber o que dizer. A jovem sorriu, acariciou o rosto dele e beijou-o de maneira suave. Em seguida, no mesmo tom baixo disse:
-Nós nunca daríamos certo. -levantou e começou a caminhar. O rapaz a observou por poucos segundos, decidido a fazer alguma coisa. Levantou e segurou em seu braço, puxando-a para si deixando os rostos muito próximos. As respirações vacilantes pareciam se fundir. Não falaram. Ele levou as mãos à cintura dela, abraçando-a. Ela fechou os olhos, em transe. Ele analisou seu rosto.
-Quem é você? Que poder é esse que tem sobre meus sentidos? -perguntou em voz baixa. Ela abriu os olhos, riu e respondeu:
-Faço-te a mesma pergunta.
Almas insanas. Amantes inconseqüentes. Loucos. Vítimas do acaso. É o que eram.

fevereiro 06, 2008

Parque faz bem pra saúde e pra imaginação! =D

Sabe quando você quer sair e quer e quer e não tem ninguém pra sair? Pois é. Ainda bem que eu tenho uma vizinha como a Andreza, ela me acompanha nos meus passeios de índio. (xisdê)

Aí a gente foi no parque ali embaixo, (não tão ali embaixo, é o perto relativamente longe) e sabe, eu precisava ver aquele lago, porque ultimamente as minhas fantasias tem sido com ele. A maioria com certeza acha que é loucura, mas eu não ligo. (Não tem nada relacionado a perversão nisso, se toca! ¬¬) Então a gente sentou na pedra, e nos poucos segundos que se passaram eu consegui pensar em praticamente tudo que eu precisava pensar. Em Hogwarts (sim, em Hogwarts), em eu encostada em uma daquelas palmeiras lendo um livro e parando pra observar o lago por algumas vezes, em como seria legal se do nada aparecesse um rapaz gentil disposto a ter uma conversa produtiva. Só em coisas que hoje, tranformaram-se em conto de fadas. O romance do mundo foi distorcido de uma maneira tão brutal que hoje os sentimentos são banalizados e só o que devemos fazer é ser felizes com futilidades e alienações. Que mundo é esse? Eu não quero viver num lugar assim! E é exatamente por isso que eu me refugio [?] nas fantasias, porque entre o faz de conta e a realidade atual, sim eu prefiro viver no faz de contas. Não tenho escolhas se em ambos eu vou sofrer, prefiro me prender no meu mundinho até que as coisas por aqui voltem ao seu estado normal, porque sim, hoje a Terra está em surto.

Fernando Pessoa

"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."