novembro 25, 2015

Carpe Diem?

Aproveite ao máximo o agora. Não perca tempo, ele é precioso demais. Uma vez passado, não tem como recuperá-lo. Seria o máximo poder viajar no tempo né? Poder corrigir o passado... Mas vários filmes nos mostram que mexer com o tempo pode ser uma coisa perigosa.

Mudando um pouco o foco para o início do texto. Deveríamos ter menos medo de arriscar, de se jogar nas situações da vida. Deveríamos? Mas e o que fazemos com as experiências passadas? As que trouxeram só decepções e dor? Frente a uma situação parecida, deveríamos ignorar nosso senso de perigo? Só se voltássemos a ter o espírito de uma criança. Que na sua inocência, tem muito mais coragem e fé que todos nós. Porque sua inocência é tão grande que anula qualquer tipo de perigo. Ela é segura.

Porém, porém... A gente deixa essa inocência pra trás. Vêm testes, provações, decepções. Dores. Dores chatas, cruéis. Que dilaceram, enfraquecem, nos deixam impotentes. Marcam nossa vida, deixam uma cicatriz. E aí como é que vamos conseguir entrar de cabeça de novo em qualquer coisa? Pisamos em ovos sim, porque temos senso de segurança. Passamos alguma coisa parecida e aprendemos, e não queremos sentir aquela dor horrível de novo. Por isso o cuidado.

Mas... Nenhuma pessoa é igual a outra. Nenhuma situação é igual a outra. Então temos a escolha, de ter cuidado e deixar as coisas acontecerem de uma maneira controlada e segura, ou... Se jogar. Porque dessa vez pode ser que o que te espere lá embaixo nãos seja concreto bruto. Seja uma pilha de travesseiros. Seja neve fofinha. E quando você olhar pro lado, alguém se jogou junto com você.

novembro 22, 2015

Dor e mar

Fazem trinta e quatro dias. No primeiro pareciam ondas violentas quebrando sobre mim, atordoando meu corpo, confundindo meus pensamentos. Como a maré recuando e avançando incessante, incansável, a cada minuto.

Algum tempo depois o mar ficou mais calmo. Recuava e demorava para voltar e chocar-se contra mim. Mas parecia fazer isso quando eu estava desprevenida. Parecia mais doído. Um dia em especial, quinta-feira, chocou-se com tanta força e continuei resistindo. Mas quando cedi, gritei. Gritei de dor, desespero, deixei as lágrimas lavarem meu rosto e implorei: "Me cura Senhor!" O mar recuou. Fui curada naquele momento. A dor foi anestesiada.

Depois disso veio a calmaria. O mar azul e tranquilo, como uma enorme piscina natural. Eu a observá-lo, admirada. Sempre gostei dele... Mesmo quando ele não gostou muito de mim. Mas suas águas me fortaleceram e me curaram. Me ajudaram a seguir em frente.

Hoje a dor é uma velha conhecida, como o mar. Talvez a qualquer momento me arrebate de novo.  Mas eu acredito na minha cura e na minha força. Sei que nada disso vai me abalar de novo. Vou poder fechar os olhos, abrir os braços e sentir a brisa marítima com confiança.


Fernando Pessoa

"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."