Algum tempo depois o mar ficou mais calmo. Recuava e demorava para voltar e chocar-se contra mim. Mas parecia fazer isso quando eu estava desprevenida. Parecia mais doído. Um dia em especial, quinta-feira, chocou-se com tanta força e continuei resistindo. Mas quando cedi, gritei. Gritei de dor, desespero, deixei as lágrimas lavarem meu rosto e implorei: "Me cura Senhor!" O mar recuou. Fui curada naquele momento. A dor foi anestesiada.
Depois disso veio a calmaria. O mar azul e tranquilo, como uma enorme piscina natural. Eu a observá-lo, admirada. Sempre gostei dele... Mesmo quando ele não gostou muito de mim. Mas suas águas me fortaleceram e me curaram. Me ajudaram a seguir em frente.
Hoje a dor é uma velha conhecida, como o mar. Talvez a qualquer momento me arrebate de novo. Mas eu acredito na minha cura e na minha força. Sei que nada disso vai me abalar de novo. Vou poder fechar os olhos, abrir os braços e sentir a brisa marítima com confiança.
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