novembro 22, 2015

Dor e mar

Fazem trinta e quatro dias. No primeiro pareciam ondas violentas quebrando sobre mim, atordoando meu corpo, confundindo meus pensamentos. Como a maré recuando e avançando incessante, incansável, a cada minuto.

Algum tempo depois o mar ficou mais calmo. Recuava e demorava para voltar e chocar-se contra mim. Mas parecia fazer isso quando eu estava desprevenida. Parecia mais doído. Um dia em especial, quinta-feira, chocou-se com tanta força e continuei resistindo. Mas quando cedi, gritei. Gritei de dor, desespero, deixei as lágrimas lavarem meu rosto e implorei: "Me cura Senhor!" O mar recuou. Fui curada naquele momento. A dor foi anestesiada.

Depois disso veio a calmaria. O mar azul e tranquilo, como uma enorme piscina natural. Eu a observá-lo, admirada. Sempre gostei dele... Mesmo quando ele não gostou muito de mim. Mas suas águas me fortaleceram e me curaram. Me ajudaram a seguir em frente.

Hoje a dor é uma velha conhecida, como o mar. Talvez a qualquer momento me arrebate de novo.  Mas eu acredito na minha cura e na minha força. Sei que nada disso vai me abalar de novo. Vou poder fechar os olhos, abrir os braços e sentir a brisa marítima com confiança.


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Fernando Pessoa

"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."