novembro 17, 2009

Eu achava que quando tudo estivesse bem, essas pequenas crises iam acabar. E por que elas não vão embora? Será que já fazem parte de mim? É o que parece. Como se eu as esquecesse e elas fizessem questão de voltar pra me mostrar que sim, elas fazem parte do que eu sou e sem elas eu não seria eu.

Ao mesmo tempo que me fazem refletir, me deixam nostálgica e até deprimida. Por que? É a ansiedade? É ver que meu objetivo está perto de ser alcançado e eu não posso vacilar agora? Na verdade eu não penso em vacilar. Me sinto preparada e confiante, porque estou me esforçando. O cansaço pode me deixar esgotada, mas não vai me vencer. Essa luta já está terminando, e eu sei que vou ter sucesso. Só que e se isso continuar? Porque eu ainda acho que vai continuar... E eu sei, lá no fundo que não tenho motivos pra ficar assim, porém, apesar disso, eu fico. Alguém inventa um remédio pra eu sarar dessa "doença" estranha que parece uma crise de existencialismo?

novembro 06, 2009

Uma nova história

A menina ia caminhando, ainda meio sem rumo, com o telefone na mão, frouxo, quase sendo abandonado. As idéias não se organizavam em sua mente, não conseguia entender o porquê de ter que sempre assumir posição de dócil, inofensiva e a atitude não ser recíproca. Andava, pensava, andava, pensava... Parecia tomar conta de si mesma, não conseguia se desviar sequer por um segundo. O pior é que caminhava cada vez mais triste, cabisbaixa.
O que mais adorava no mundo todo era o mar. Ah! Aquela parte de oceano sempre a tranquilizava, sempre a ajudava a colocar as idéias no lugar. E ela estava lá, em pensamento, sem se preocupar pra onde ia. Sem rumo.



Foi obrigada a despertar de seu sonho, quando esbarrou em alguma coisa invisível. Que estranho! Não tem nada aqui! Olhou em volta uma, duas vezes. Baixou a cabeça, voltou a caminhar. Novamente a realidade a puxava de modo brusco. Irritada ela olhou para frente de novo e dessa vez viu. Viu e sentiu seu coração gelar. Sentiu o sangue deixar seu rosto. Aquele calor infernal, devia ter sido uma miragem, ela já estava mesmo delirando. Aqueles olhos fixos a incomodavam. Tentou fugir, porém, foi vítima de seus próprios pensamentos. Ela queria gritar, correr, mas ficou estática. Talvez ninguém estivesse entendendo. Mas não importava. O que ela sentia fez com que ignorasse tudo a volta. Agonia, angústia, nervosismo, dúvida. Todas essas sensações juntas causaram a reação tão desagradável, e aquele aperto no peito. Finalmente seus pés obedeceram sua ordem e se moveram freneticamente, enquanto as lágrimas iam tomando conta de seu rosto, úmido.

A velha fechou o livro e suspirou profundamente. Não sabia o que aconteceria em seguida. Qual o próximo passo daquela menina tão confusa e sonhadora? Mergulhada em lembranças adormeceu ali mesmo, na poltrona da sala.

Fernando Pessoa

"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."