novembro 06, 2009

Uma nova história

A menina ia caminhando, ainda meio sem rumo, com o telefone na mão, frouxo, quase sendo abandonado. As idéias não se organizavam em sua mente, não conseguia entender o porquê de ter que sempre assumir posição de dócil, inofensiva e a atitude não ser recíproca. Andava, pensava, andava, pensava... Parecia tomar conta de si mesma, não conseguia se desviar sequer por um segundo. O pior é que caminhava cada vez mais triste, cabisbaixa.
O que mais adorava no mundo todo era o mar. Ah! Aquela parte de oceano sempre a tranquilizava, sempre a ajudava a colocar as idéias no lugar. E ela estava lá, em pensamento, sem se preocupar pra onde ia. Sem rumo.



Foi obrigada a despertar de seu sonho, quando esbarrou em alguma coisa invisível. Que estranho! Não tem nada aqui! Olhou em volta uma, duas vezes. Baixou a cabeça, voltou a caminhar. Novamente a realidade a puxava de modo brusco. Irritada ela olhou para frente de novo e dessa vez viu. Viu e sentiu seu coração gelar. Sentiu o sangue deixar seu rosto. Aquele calor infernal, devia ter sido uma miragem, ela já estava mesmo delirando. Aqueles olhos fixos a incomodavam. Tentou fugir, porém, foi vítima de seus próprios pensamentos. Ela queria gritar, correr, mas ficou estática. Talvez ninguém estivesse entendendo. Mas não importava. O que ela sentia fez com que ignorasse tudo a volta. Agonia, angústia, nervosismo, dúvida. Todas essas sensações juntas causaram a reação tão desagradável, e aquele aperto no peito. Finalmente seus pés obedeceram sua ordem e se moveram freneticamente, enquanto as lágrimas iam tomando conta de seu rosto, úmido.

A velha fechou o livro e suspirou profundamente. Não sabia o que aconteceria em seguida. Qual o próximo passo daquela menina tão confusa e sonhadora? Mergulhada em lembranças adormeceu ali mesmo, na poltrona da sala.

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Fernando Pessoa

"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."