setembro 30, 2008

Contos e Causos, Causos e Contos

A mudança
Sábado, 30 de agosto, 8:30 a.m.
Carregar caminhão, depenar a casa, deixar os cães sozinhos. E aquela dor no coração não me abandonava, embora eu estivesse animada com a possibilidade de um quarto novo.
Enquanto nada mais eu tinha para fazer, caminhei pelo quarto, agora vazio, sem cortinas, sem cama, sem prateleira, sem guarda-roupa. E apenas uma música cismava em continuar na minha mente. Field of Innocence.
Eu conseguia ver claramente tudo no seu lugar: ainda via minha cama, ao lado da escrivaninha, minhas prateleiras com meus livros, meu guarda-roupa mais ou menos arrumado. Segurava o pranto ao máximo, talvez por orgulho, ou talvez porque a felicidade de estar sofrendo uma mudança sempre vinha logo após o sentimento de saudade. Muitas lembranças foram deixadas para trás, treze anos. Naquela casa em que uma época viveu cheia de crianças, bagunça e muitas risadas. Naquela casa onde houveram as brigas mais feias com minha mãe, com meu irmão. Naquele quarto onde eu dormi, chorei, falei sozinha, ri, fiz as minhas maiores loucuras. Tudo ficará guardado em algum cantinho discreto, mas muito especial.

Primeira semana na casa nova
Como é de se esperar, em toda mudança a casa sempre fica uma bagunça. Mas depois de tudo montado já dá pra ajeitar direitinho, ah! Quarto arrumado de novo! Cds, computador, cama, espelho, guarda-roupa (ih, aí é que está o problema: o guarda-roupa mais ou menos arrumado virou num guarda-roupa totalmente desorganizado. Mas eu tenho todo tempo do mundo pra arrumá-lo).
Meu plano é mudar tudo: quero meu quarto com paredes lilás, cheio de trecos, yin-yang, incenso, tapete, sino de vento de madeira. Vai ficar lindo.
Essa semana foi muito corrida, quase nem tive tempo de arrumar as coisas: trabalho, Deaco (semana que vem!), Enem, reunião, ufa! Só agora, sábado dia 6, uma semana depois é que posso sentar aqui e relatar um pouquinho do que estou passando.
O apartamento é um amor, pequenininho do jeito que eu queria: os mesmos três quartos, banheiro, sala, cozinha. Nada de escadas, apenas as do prédio, que não são muitas-na verdade pra chegar aqui é só um lance. Ônibus bem em frente, quinhentas pizzarias, quinhentos salões de cabelereiro, e duas academias em frente! O que mais eu posso querer? Ah, ano que vem, ser caloura da Federal. Mas isso só vai acontecer com meu esforço, que não é pouco. E semana que vem, começar cursinho de novo. =)

Coisa séria
Foi inevitável. Eu sonhei, eu senti a presença, senti saudades, mesmo sabendo que, qualquer sentimento de minha parte não é recíproco.Talvez eu ache divertido dar murros em ponta de faca. Ou mesmo nem tenha esquecido... Nessas horas é que eu acho que não esqueci. E a vontade de falar e saber que vou ser ignorada, ou que vai tratar com indiferença, me empolga e me angustia[?].
Confusa é como eu me sinto. Um dia é rosa, o outro é roxo. Não consigo decidir entre as duas cores, não consigo ficar com apenas uma. Porque criei a necessidade de ter as duas. E às vezes acho que minhas raízes não mudaram e continuam cor-de-rosa.

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Fernando Pessoa

"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."