dezembro 27, 2009

Meu faz-de-conta meu refúgio

Essa sensação sempre volta. A sensação de que meu mundo de fantasias é muito melhor que meu mundo real. A vontade de querer se esconder por entre essas mentiras bonitas, inocentes. De viver em outra dimensão, outro mundo. De querer ser o impossível, pra me livrar de qualquer tipo de sofrimento. Porque no faz-de-conta parece que tudo é perfeição, aventura, romance... Sonho. Tudo é sonho, não existe dor. Você imagina, acontece. Cada dia é um dia incomum, você não sabe o que pode voar pela sua janela ou aparecer na sua porta. É surreal, abstrato. Vazio. Vazio é melhor que dor. Porque imaginário é vazio, não existe nada lá, apesar de você desejar que exista. Não existe a magia. Mas pra você existe, mesmo sendo vazio. E vazio cura a dor. Vazio distrai, vicia. Vazio é melhor que dor. Não há nada. Só há o que você quer, apesar de não haver nada. Mas pra você há. E tudo vai passar e o vazio voltará, sempre? Enquanto eu me sentir assim talvez tenha defesa para maiores dores.

Um comentário:

Adriana Brenna Gonçalves disse...

Fico em dúvida se o vazio é melhor que a dor. O vazio distrai sim, mas só por um tempo. E a dor agonia e maltrata, mas nos faz sentir vivos.
E o faz-de-conta é muito bom, principalmente quando se tem muita criatividade, mas melhor ainda se torna quando tentamos torna-lo real, ou procurar no mundo real o que possa nos fazer tão feliz quanto somos nesse refúgio.
Adorei o texto, como sempre.

=*

Fernando Pessoa

"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."