dezembro 10, 2007

Desire

Ela estava na festa, o viu entrar. Ele a olhou, ela retribuiu. Ela sentia medo pois não sabia decifrar o que aqueles olhos transmitiam: se era ódio ou se era desejo. Não podiam fazer isso, era errado, era imoral, porém ambos pareciam nem se importar.
Aqueles olhos a perturbaram durante a noite toda, deixando-a cada vez mais entorpecida, com os nervos à flor da pele. Por um momento, um segundo, ele saiu. Ela foi atrás, como se fosse um sinal. Quando chegou ao pequeno beco escuro, pode identificar sua silhueta, segurando um copo de whisky. Se aproximou. Ele percebeu que havia alguém ali. Percebeu que ela estava ali.
-Por que faz isso? -perguntou-a. Um instante de silêncio e a voz rouca respondeu, trêmula.
-Eu não sei. -ela ergueu os olhos, tomando coragem de perguntar. -Afinal, o que nós temos?
Foi a vez dele ficar em silêncio. Tomou um gole de seu copo e disse em seguida, em um tom baixo.
-Não sei.
Dando-se por vencida pelo silêncio que pairava ali, ela pensou em voltar pra festa. Foi quando ele comentou:
-Você está linda.
Ela sentiu-se desconcertada, mas respondeu com um sorriso breve e bastante sem jeito:
-Obrigada, igualmente. -ele ergue os olhos de seu copo para estudar o rosto da jovem. Ela estava realmente bonita naquela noite, a luz da lua refletia em seu rosto pálido, seus olhos
amendoados retribuindo o olhar. -O que há? -perguntou em tom curioso.
-Nada. -ele respondeu baixo, sem coragem de se aproximar. Queria tocar aquele rosto, experimentar o sabor daqueles lábios rubros. Ela pareceu perceber tais intenções. Ousada, aproximou-se, de modo a ficarem frente a frente, os corpos a milímetros de distância. Ele focou seu rosto, depois seus lábios e se aproximou devagar. Enlaçou sua cintura suavemente, puxando-a mais pra perto, deslizando os lábios pela sua pele macia, enquanto a jovem suspirou profundamente de prazer. Ambos eram pura adrenalina puro êxtase:
-Por que você me obriga a fazer essas coisas? -perguntou ele ofegante, entretido em beijar o pescoço cálido da menina.
-Eu não o obrigo, você também quer, eu sei. -ela deslizava seus dedos longos pelas costas do rapaz, fazendo leve pressão; os olhos fechados. Não falaram mais, apenas curtiram. Aproveitaram aquele momento de prazer, êxtase e temor. Ele a levou para sua casa.
De manhã, ela acordou vendo-o dormir tranqüilamente. Sorriu atônita, pegou suas roupas, se trocou e escreveu um bilhete antes de partir, onde ele, quando despertou sem o calor da jovem, pôde ler numa caligrafia fina e caprichada:
Uma noite. E a melhor que eu já tive.
Suspirou fundo, então seu celular tocou, avisando que a esposa sentira sua falta.

4 comentários:

Anônimo disse...

Ficou elegantemente erótico. Faz tempo que eu não vejo coisas assim [falei como se estivesse na época das pornô-chanchadas... mas a culpa é da minha mente, que não sabe escrever coisas sutis assim].
Eu fiquei imaginando as cenas descritas [das subentendidas, quero distância, isso é muito particular seu], foi uma coisa tão... Uau... =]

Beijo

Anônimo disse...

Ana do céu '-'
Eu amei *-*

Ficou tão.. requintado!
Me lembrou aqueles filmes em preto e branco..
Eu imaginei você com um vestidão lindo.. aquele cabelo estilo Avril Lavigne no clipe de Nobody's Home..
Aquele beco com um pouco de neblina e um carro antigo..
Nossa.. imaginei tudo!
shauhsauasushausausausahuashuashuas

E claro, tudo preco e branco!
sahuasuasuashasuashusauashsuasauh

Gostei mesmo!! LOL

;***

Anônimo disse...

Oloco meu! (como sempre digo)
Esse me surpreendeu ;*

amotevocê

Anônimo disse...

Pelos meus conhecimentos literários, encontro no texto a imensa possibilidade de ter uma amiga na Academia Brasileira de Literatura.
Há em seu intermeio traços marcantes da literatura clássica permeada com romance no melhor estilo "Bárbara Cartland", e apos eu saber em que foi inspirado o texto fiquei ainda mais delumbrado.
Parabéns, você tem futuro como escritora, amei seu texto.

Fernando Pessoa

"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."