Amor

Se tem coisa rodeada de mistérios tão sublimes quanto assustadores essa coisa é o sono, e o que vem depois dela, os sonhos. Muitas vezes não lembra-se do que se sonhou, mas cientistas garantem que toda noite sonhamos, quer seja com alguma situação ocorrida ou que ainda ocorrerá, quer seja com informações inúteis que precisam ser excluídas da memória e acabam virando sonhos malucos. Sonhos são completa e cientificamente explicáveis. Ou não.

Ouvir aquela voz doce perturbou a jovem mulher. Despertara num dia frio, pôde sentir o vento agitando as janelas e cortinas, entrando sutilmente pelas ventarolas. A voz lhe disse "eu te amo" , mas não usava de tom conhecido. E por longos instantes ela refletia sobre aquele sonho. O amor transmitido não foi o amor de amantes, de dois seres que se amam. Foi como a voz de um anjo a recitar poesias, música suave que percorria sua mente, deixando em cada parte do corpo a sua marca de paz e tranquilidade.

Aquele era o verdadeiro amor. Tão doce e puro, sem qualquer tipo de dor ou sofrimento. Amor não é dor, amor é algo que sente-se paz em sentir, faz querer dispersar sorrisos por todos os rostos conhecidos e desconhecidos com o simples gesto de caminhar pelas ruas, parques, avenidas, cidades. Amor nos deixa em transe sem motivo, nos mergulha em sentimentos serenos dos quais jamais desejamos despertar. Amor é suave, sublime, acalento ao coração deprimido. Amor sente-se espontaneamente, pelo botão de flor ainda nem desabrochado, pelo calor aconchegante do sol, pelo infinito céu azul de brigadeiro e as folhas verdes das árvores, gramas. Amor é colorido da vida, amor é milagre, amor é inebriante. Quem já sentiu e sente o amor, jamais o abandona. E então suavemente a moça deslizou pelos lençóis e levantou-se ainda com o tom suave no pensamento e pronta para amar.