Naquele dia despertou e descobriu que tinha asas. O desejo de voar tomou conta de cada centímetro de seu corpo, então ela saiu. Passeou pelos mais belos lugares, pelas florestas mais verdes e pelos lagos mais cristalinos. Sentiu as mais suaves brisas e os mais deliciosos perfumes de flores. A felicidade que se apoderava de si era indescritível, mas sabia que era a melhor que já experimentara. Seus olhos percorriam o céu incrivelmente azul e limpo, seus pensamentos voavam tão longe quanto ela. Ao entardecer, sentada à beira de um dos lagos que visitara apreciou o ocaso lentamente. Não quis perder um mínimo detalhe daquele maravilhoso espetáculo. À noite, quando a imponente lua cheia e as estrelas tomavam conta do firmamento adormeceu. Suas asas começaram a ficar negras como a escuridão que se estendia ali. De manhã, um choro silencioso. Havia perdido-as. Teve a liberdade em suas mãos e a deixou escapar.
Liberdade, uma dádiva, uma maldição.***
"Uns dizem que é dádiva,
Alguns dizem que é um carma.
Existe quem ache que é bom,
Mas também quem acredite que estamos condenados a tê-la.
Por quê?
Nos dá vontade de voar,
Vontade de gritar,
Sentir o vento bater no rosto de braços abertos.
Assusta,
Afinal é infinita, ilimitada,
É um tudo, é um nada,
É um mistério,
Indomável,
Incontrolável,
Compulsiva.
Então a pergunta:
Queres isto para si?
Sabes responder?
Diante de algo tão imprevisível,
Impossível é ter uma resposta certa.
Insensatez,
Insegurança,
Desespero.
O que pode ser verdade,
Diante do desejo de liberdade?"
Um comentário:
Liberdade... Quem foi que inventou isso?
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