maio 08, 2008

Mirage

Mais uma noite. Uma noite comum como todas as outras. Ele estava em seu quarto, as portas de vidro da sacada abertas, afinal fora um dia de calor, embora agradável. Vez ou outra uma brisa suave invadia o local, repentina e breve, amenizando o clima quente. Olhou para as cortinas, sentado em frente ao computador. Pareceram tão finas, leves, balançando tênues como se criadas pelo próprio vento. Foi então que um sentimento desceu desagradável pela sua garganta, talvez um suspiro contido ou uma angústia omitida. Esperava ele por alguém? Esperava ele por ela? Voltou o olhar perdido para a tela em sua frente. Mostrava-o um local vazio, morto, silencioso. Não sabia descrever o sentimento que apoderava-lhe a alma. Chorou. Chorou um pranto mudo, mutilado por dentro lentamente. Chorou um pranto que nunca ninguém viu, que jamais existiu. Ao mesmo tempo implorou. Implorou por sua presença, implorou por ela. Em questão de poucos segundos: um estampido sutil, uma luz capaz de cegar os olhos mortais ofuscando a face pálida. Asas imponentes recolhiam-se de modo delicado. A criatura abaixada levantou, enquanto o horror acometia a face do rapaz. Se aproximou afastando-se da porta e sorriu. Um sorriso que iluminou seu coração, o fez livrar-se de qualquer medo. Então ele finalmente a viu: seu anjo.

Um comentário:

Anônimo disse...

eu amo metáforas. *-* HAHA.
e eu ia comentar que o post passado parece o clipe do LDN, da Lily Allen. sabe o clipe que ela vai pulandinho pela cidade, toda feliz, e ela não consegue ver a verdade? (tipo, mendigos, a sujeira e talz) porque ela está apaixonada. é algo assim. (:

:* ♥

Fernando Pessoa

"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."